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sábado, 14 de janeiro de 2017

IV Congresso dos Jornalistas: precários e desempregados agora chamam-se Freelancers


Maioria dos jornalistas tem licenciatura em comunicação e investe na formação contínua mas recebe menos de 1.000 euros por mês, indica o mais recente e abrangente inquérito aos jornalistas, desenvolvido por uma equipa do CIES-IUL (ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa), em parceria com o Sindicato dos Jornalistas e o Obercom, em 2016.
Em 2016, 33,4% dos inquiridos não tinham contrato fixo e, portanto, trabalhavam em condições contratuais precárias e sujeitos a instabilidade, insegurança e fragilidade. 



Este grupo integra colaboradores (16,4%), dos quais a maioria (8,8%) tinha uma avença e os restantes (7,6%) trabalhavam à peça, sendo que 17% dos profissionais se assumiram como freelancers.
A maioria dos jornalistas assumiu trabalhar mais de 40 horas por semana (13,8% têm uma semana laboral de 51 a 60 horas e 9% até trabalham mais de 60 horas).
Do grande número de jornalistas que trabalha mais horas do que o previsto no seu contrato, apenas 3,9% são remunerados pelas horas extraordinárias e 10,2% são compensados em tempo de descanso pelo trabalho extra. Quase dois terços do total (63,4%) não têm qualquer compensação pelo trabalho extraordinário, demonstrando uma elevada discrepância entre a carga horária contratualizada, a prática profissional efectiva e a remuneração devida.
Uma grande percentagem de jornalistas inquiridos já passou pelo desemprego (39,2%), mas estão muito divididos quando à probabilidade de perderem o emprego no futuro próximo. Se 35,1% consideram que ficar desempregado é improvável, 40,9% acham provável, com 15,7% a afirmarem que é extremamente provável a curto prazo.


Os jornalistas consideram o exercício livre da sua profissão muito condicionado, nomeadamente por opções de agenda e condições laborais e salariais, e assumem ser pouco ou nada autónomos em relação às decisões das chefias ou administrações.

Jornalistas muito condicionados pela agenda, o salário e o medo
De acordo com os dados de um inquérito desenvolvido pelo CIES-IUL, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas e o Obercom, os jornalistas identificam a agenda como o maior condicionalismo (47,2%), seguida das condições de trabalho (43,6%) e do salário (43,5%).
A conciliação com a vida pessoal e familiar é outro grande condicionalismo (40,2%), bem como o medo de perder o emprego, que é uma preocupação para 36,6%.
Os inquiridos indicam também a hierarquia como um condicionalismo, com 31,5% a assumirem ser pouco ou nada autónomos em relação às decisões das chefias e 41% pouco ou nada autónomos em relação às decisões das administrações.

Jornalista Maria Flor Pedroso, presidente do Congresso 
"Em cada dez jornalistas no ativo, seis ganham menos de mil euros, cinco têm vínculo precário, quatro têm recibos verdes, quatro têm medo de perder emprego e só um tem mais de 55 anos. E morremos cedo, e muitos de nós morreram demasiado cedo." 
Maria Flor Pedroso, presidente do 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses

(Congresso a decorrer até domingo no cinema S. Jorge em Lisboa) 

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