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domingo, 24 de abril de 2022

DA GUINÉ AO LARGO DO CARMO: ASSIM SE FEZ O 25 DE ABRIL DE 1974

DA GUINÉ AO LARGO DO CARMO:

ASSIM NASCEU O 25 DE ABRIL DE 1974

por João Paulo Guerra

Em 1961, esmagadas as incertezas e hesitações dos chefes militares, Salazar mandou avançar para Angola, «rapidamente e em força», assumindo ele próprio a pasta da Defesa Nacional. E foi com Salazar à Defesa que o Império perdeu a jóia da coroa, a Índia.

 A descolonização do chamado Estado Português da Índia demorou 36 horas [18 a 19 de Dezembro de 1961], ao cabo de cinco séculos de presença portuguesa e de onze anos de um diálogo de surdos entre Lisboa e Nova Delhi. Um dia e meio foi quanto resistiram cerca de três mil militares portugueses colocados em Goa, Damão e Diu à invasão dos territórios por cerca de 50 mil soldados indianos. Mas, apesar desta desproporção, Salazar enviara de Lisboa para o governador da Índia, general Vassalo e Silva, ordem de que só aceitava soldados portugueses “vitoriosos ou mortos”. Morreram na Índia 67 militares da guarnição portuguesa, 3.500 foram feitos prisioneiros.

A derrota militar na Índia, em Dezembro de 1961, veio dar razão aos militares que, em Abril desse ano, tinham preconizado uma solução política para a questão colonial. Complexados pela derrota, os militares não exploraram o sucesso da sua razão. Pelo contrário, a partir daí remeteram-se ao silêncio por largos anos. E de 1962 a 1973, os militares assumiram a guerra colonial.